Centro Educacional Nossa Senhora de Fátima.
COMO SÃO
TRABALHADOS OS PROJETOS DE ESTUDO:
Glub, Glub.
- Professora, o que significam essas palavras?
- Alguém poderia ajudar a esclarecer isso?
- Eu sei, eu sei... é assim que eles escrevem para fazer um som, porque não dá fazer de verdade.
- E esse parece o som de engolir água.
- Muito bem, alunos. Vocês conhecem outros sons que são
escritos?
- Conhecemos:
BRUM! PLAFT! ZUM! TIQUE-TAQUE! PUM! TOC TOC! AU AU! BRUM! PLOFT! |
- Muito bem, vocês acabaram de aprender o que é onomatopéia.
Diálogo ocorrido no terceiro ano do ensino fundamental. Construir
conhecimentos, chegar aos conceitos,
pensar sobre o que se está estudando, buscar e pesquisar, refletir...
tudo isso faz parte da proposta de ensino do Centro Educacional Nossa Senhora
de Fátima.
A proposta:
Projeto de Estudo.
- O que vamos estudar?
Essa pergunta feita pela professora em sua turma é o ponto de
partida para ação conjunta, participativa,
compartilhada... de busca, de pesquisa. Atitude científica. A participação e
não a passividade que a escola pretende estimular em seus alunos. Uma atitude que leva cada vez mais à
autonomia intelectual, isso é, que aos poucos vai se desprendendo do professor para
aprender e busca sozinho o que pretende saber.
Escutar
Escutando, o educador ensina a escutar. Podemos aprender com
o que outros dizem. Muitas vezes perdemos oportunidades por não sabermos ouvir
ou não deixarmos que crianças falem. Quando o aluno percebe que o que diz é
ouvido, consegue responsabilizar-se pelo que diz e leva em conta o que o outro
diz. Assim o projeto contribui para atitudes de participação e reconhecimento
do outro que vão além do conteúdo temático proposto inicialmente.
Pesquisa
Pretende-se que a atitude de pesquisa aperfeiçoe-se e
permaneça na vida do aluno, como na da Carol, para quem a procura (pesquisa) foi importante:
* Depoimento de Carol (9
anos, 5º ano escolar).
- Qual, de todos os temas
estudados desde o jardim, você acha que aprendeu muito?
- Com ‘Forças da Natureza’
(no 2º série). Porque eu não sabia nada sobre forças da natureza e a professora
viu e a gente foi procurando, procurando
e fazendo atividades... e desenhos...
Questionamentos
Perguntas. Curiosidades.
Segundo Jorge Larossa:
“Perguntar
é a paixão do estudo.
E sua
respiração.
E seu
ritmo.
E sua
obstinação.”
A curiosidade leva a
aprendizagem. Por isso são feitos questionamentos a partir do tema escolhido
como projeto de estudos. Perguntas simples, perguntas complexas, algumas até
impossíveis de responder...
É lógico que os alunos já trazem conhecimentos quando vem à
escola. Cada um os seus. Conhecimentos passados pela família, pelas pessoas
conhecidas com as quais tem contato, pela mídia... Os conhecimentos são
partilhados, socializados e acontecem as trocas, as comunicações, o respeito de
ouvir o outro, de considerar sua opinião, de trocar pontos de vista, de ser
ouvido e expor com clareza o que se pretende comunicar.
Competição
Por promover a solidariedade, a competição só é bem-vinda se
for uma competição consigo mesmo: competir com marcas anteriores próprias para
superá-las, para alcançar marcas cada vez maiores. Ex.: Se consegui correr 100m
sem parar, quero alcançar 150m sem parar.
Alfabetização
O início da alfabetização se dá na Educação Infantil (e em
casa), quando a criança ouve histórias e se encanta, quando brinca na areia
fazendo estradinhas para o carro ou bolinhos de chocolate para o aniversário da
amiga imaginária. Quando rabisca,
desenha, corre, ajunta, chuta, sobe, desce, rola... Quando se encanta com
descobertas e quando outros se encantam junto com ela. Essas e muitas outras
vivências são fundamentais para chegar a leitura e para produzir textos
próprios. Ler com prazer, produzir textos que revelem todo o seu potencial
criativo.
Nosso compromisso é com a criança, por isso o trabalho
sistematizado para a apropriação da leitura e escrita se faz no segundo ano do
Ensino Fundamental, sendo que no primeiro ano as crianças convivem num ambiente alfabetizador no qual são
oferecidas inúmeras oportunidades e muitas já se alfabetizam nesse ano. Não
aceleramos o processo, mas estimulamos o desenvolvimento saudável.
Nos anos iniciais o saber escolar não é padronizado, ou
seja, é o resultado de uma construção coletiva, onde o currículo é voltado à
formação humana, a consciência crítica e a emancipação do homem. (Referencial
Pedagógico no 1º Ciclo do EF – Indaial; p. 17).
Tempo
A construção do
conhecimento demanda tempo. Não se força a borboleta a sair do casulo - para o
bem dela. Quando o que é aprendido tem significado, permanece.
O Eduardo, no
7º ano, lembra do que foi estudado na Educação Infantil, quando questionado
sobre o tema que mais gostou de estudar:
- “Árvores!”.
- Em que ano você estudou árvores?
–Não me lembro mais. No
pré... eu acho.
Encanto
Pais e professores chegam a maravilhar-se junto a criança que descobre coisas “novas”.
Trabalhar com projetos implica em adotar uma atitude de aprendiz. Caso
contrário, passa-se a idéia de que o adulto é detentor da verdade e que a
criança deve chegar a saber tudo o que ele já sabe.
Número de
alunos
Há diferentes formas de aprender aquilo que se pretende que
os alunos saibam, e não existem garantias se aprenderão isso ou outras coisas.
Na educação, a idéia de que o aluno aprende aquilo que o professor ensina ainda
é muito presente. Mas, qualquer professor sabe que os alunos aprendem de
maneiras diferentes. Nos projetos potenciam-se os caminhos alternativos, as
relações infreqüentes, os processo de aprendizagem individuais, porque, deles,
aprende o grupo. Considerando essa individualidade, não é possível trabalhar com
muitos alunos numa turma. Procuramos reduzi-lo a um número sustentável.
O estudo por projetos leva em conta que todos os alunos podem
aprender, se encontram um lugar para isso. Cada aluno pode contribuir com
aquilo que pode dar, com seus déficits e limitações, pois permite aprender o
não previsto pelos que entendem que o
ensino deva acontecer numa organização seqüencial sem levar em conta as
possibilidades do aluno.
Avaliação
O papel do professor consiste em
organizar, com critério de complexidade, as evidências nas quais se reflita o
aprendizado dos alunos, não como um ato de controle, mas sim de construção de
conhecimento compartilhado. Pode acontecer de diversos modos e em momentos
diversos.
Com
a avaliação, os professores recolhem informações de grande valor para
seu planejamento. É ouvir o que aluno
sabe a respeito do tema e o que não sabe. É um ajuste constante entre o
processo de ensino e o de aprendizagem para se ir adequando a evolução dos
alunos e para estabelecer novas pautas de atuação em relação às evidências
sobre sua aprendizagem. A análise dos trabalhos, não para ver se estão bem ou
mal realizados, mas sim, levando em conta a exigência cognitiva das tarefas
propostas, os erros conceituais e as relações não previstas.